sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tantas viagens para lá e para cá fazem-me pensar... pensar demasiado e sobre tudo o que está à minha volta... Os amigos, nele, na minha mãe e na preocupação que tenho pelo facto dela não estar a conseguir gerir tudo, a minha avó que nem sempre tem estado bem de saúde...
Tudo isto são assuntos que me preocupam e que me fazem quase enlouquecer!
Dou por mim a pensar, durante todas aquelas horas, que devia ser mais confiante, que devia acreditar um pouco mais em mim própria e, depois de todas aquelas infindáveis horas, ponho o pé fora do comboio e volto a ser a mesma Sara que se esconde, que tem medo de se mostrar, tal como é, que tem medo de revelar aquilo que sente, às pessoas certas, tem receio de perder quem mais ama e, por vezes, afasta as pessoas com a insegurança, com o medo que tem de viver a vida. Eu sou assim e, por muito que pense e torne a pensar que está na altura de dar uma volta de 180º, volto sempre ao mesmo.
Não sei se isto tem alguma razão de ser, provavelmente sinto-me perdida, ao ver tudo o que se passa em minha casa, vejo, a cada dia que passa, a minha mãe a fazer exercícios de contorcionismo para poder manter me a estudar. É incrível a força dela, a capacidade que tem para sorrir face a todas as dificuldades, que vão surgindo e são cada vez maiores. Ainda por cima é capaz de me dizer que eu só tenho de seguir o meu sonho, o meu trabalho é estudar e não tenho que me preocupar com nada. O lema dela é " dá-se sempre um jeito", seja ela qual for. A única coisa que ela não quer é que eu desista, só porque vejo que a situação financeira não é a melhor.
Isto acresce a minha responsabilidade enquanto estudante, sinto-me responsável por retribuir tudo aquilo que ela faz por mim, e é muito difícil viver com o receio de falhar a qualquer momento e desiludir a pessoa que mais acredita em mim, que mais me encoraja e que nunca me deixa, seja em que momento for.
Depois, a distância é tão grande, os amigos estão todos dispersos e, por vezes, descobrimos que os nossos amigos, aqueles de quem realmente gostamos praticamente esquecem-se de nós. Custa dizer-se que o longe se faz parte quando se gosta de alguém de verdade, quando existe uma amizade verdadeira, honesta, sem interesses... No entanto, quando se vê que passa um dia, passa outro e outro e essa pessoa, por quem tenho um grande carinho, de quem gosto muito, não fala, apercebe-mo que afinal a nossa amizade não era assim tão importante, ou pelo menos não tinha a mesma importância para ambas.
Há ainda a outra pessoa especial, aquela que me ocupa cada espaço de pensamento. Esta pessoa foi um amigo muito especial e tornou-se mais especial. Porém algo estragou tudo, talvez a minha tolice, a minha incapacidade de me manter em silêncio quando não tenho a certeza que aquilo que tenho a dizer vai ser dito no momento certo. Enfim, não o disse no momento certo e de momento estou a pagar um preço muito alto por isso. A cada dia que passa, sinto uma dor muito profunda por estar nesta incerteza de dizer o que não disse, não dizer aquilo que disse e esclarecer todas as interrogações.
Sou uma pessoa complicada, eu sei. Já me apercebi disso, se calhar tarde, mas apercebi-me, mas a verdade é que gosto de ter motivos e explicações porque as coisas ficaram de uma forma que nunca haveriam de ter ficado. Então, vivo neste constante dilema, sem saber o que fazer, como perguntar, como falar, como abordar o assunto...
Não é fácil ter a cabeça cheia com tudo isto, viver com o coração apertado com vontade de falar sobre tudo o que lá vai dentro, mesmo nada fácil. E como se resolve tudo isto? É que eu não faço a mais pequena ideia!

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