quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Hoje conheci o Hospital onde vou passar os dias das próximas três semanas e meia. Para primeira impressão, gostei bastante do local. No entanto, a nossa primeira visita foi às urgências, onde estavam várias pessoas em sofrimento e, uma delas, fez-me lembrar o meu avô, tal e qual quando ele estava numa situação muito complicada e isso deixou-me triste.
Triste porque pensei naquilo que ele sofreu com a doença que teve e passou por momentos muito complicados.
Enfim... parece que a minha experiência enquanto assistência a uma doença oncológica não vai mais ser esquecida, ainda por cima porque aconteceu com uma pessoa que eu amava, e amo, tanto. E enquanto estiver perante situações destas vou sempre lembrar-me do sofrimento e da tristeza que foi...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A última vez que escrevi aqui, estava na véspera da véspera do meu aniversário, o que quer dizer que hoje estou a escrever oficialmente 19 anos... E o que será que mudou? (Isto é a pergunta tola que tanta gente gosta de fazer)
Bem, eu sou a mesma pessoa que se deitou no Sábado (9) e acordou no Domingo (10), e passada uma semana e dois dias, continuo a mesma Sara de sempre. Aquela que às se mete a pensar em parvoeiras e que olha para aquilo que tem à volta e se pergunta porque será que deixa passar tanta coisa ao lado, quando se trata de preocupar-se com tolices.
Pois é! Esta mania ainda não passou e não sei se irá passar algum dia porque cada vez que estou preparada para rumar em frente, vem algo que tropeça no meu pensamento e martela, martela, até que eu já não aguento aquele martelar profuso (palavra nova de enfermagem!)
No meio disto tudo, e por falar em enfermagem, o primeiro semestre está quase concluído e a etapa pela qual, acho eu, e falando aqui por todos os meus colegas, todos ansiamos e, também, mais tememos. Chegou a nossa oportunidade para mostrar o que realmente valemos no campo de cuidar dos outros, de os incentivar, de lhes proporcionar um melhor conforto e independência. Além disso, está aqui a verdadeira essência da enfermagem, pois só o contacto com as pessoas nos vai dar a conhecer se realmente aquilo pelo qual andamos a trabalhar desde Setembro passado é o que queremos fazer para o resto da nossa vida.
Não vai ser fácil, isso é uma certeza. Porém, se for aquilo que queremos, aquilo que eu quero, não vou desistir à primeira dificuldade. Ninguém me obrigou a vir para aqui, foi aquilo que eu escolhi e, apesar de todos os contratempos, acho que posso considerar me privilegiado por já estar preparada a estar perto das pessoas que precisam de enfermeiros e que precisam de carinho e de apoio, e isso vai fazer, nas próximas três semanas, parte do meu dia-a-dia.
Estou contente por isso, por puder fazer a minha primeira experiência enquanto a "aspirante a enfermeira" (isto são palavras da nossa querida professora Ana Pires que, apesar daquele seu ar de quem não gosta de nada de nós e não tem a mínima paciência para ensinar, até é uma jóia de pessoa quando o quer).
Por agora acho que é tudo...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tantas viagens para lá e para cá fazem-me pensar... pensar demasiado e sobre tudo o que está à minha volta... Os amigos, nele, na minha mãe e na preocupação que tenho pelo facto dela não estar a conseguir gerir tudo, a minha avó que nem sempre tem estado bem de saúde...
Tudo isto são assuntos que me preocupam e que me fazem quase enlouquecer!
Dou por mim a pensar, durante todas aquelas horas, que devia ser mais confiante, que devia acreditar um pouco mais em mim própria e, depois de todas aquelas infindáveis horas, ponho o pé fora do comboio e volto a ser a mesma Sara que se esconde, que tem medo de se mostrar, tal como é, que tem medo de revelar aquilo que sente, às pessoas certas, tem receio de perder quem mais ama e, por vezes, afasta as pessoas com a insegurança, com o medo que tem de viver a vida. Eu sou assim e, por muito que pense e torne a pensar que está na altura de dar uma volta de 180º, volto sempre ao mesmo.
Não sei se isto tem alguma razão de ser, provavelmente sinto-me perdida, ao ver tudo o que se passa em minha casa, vejo, a cada dia que passa, a minha mãe a fazer exercícios de contorcionismo para poder manter me a estudar. É incrível a força dela, a capacidade que tem para sorrir face a todas as dificuldades, que vão surgindo e são cada vez maiores. Ainda por cima é capaz de me dizer que eu só tenho de seguir o meu sonho, o meu trabalho é estudar e não tenho que me preocupar com nada. O lema dela é " dá-se sempre um jeito", seja ela qual for. A única coisa que ela não quer é que eu desista, só porque vejo que a situação financeira não é a melhor.
Isto acresce a minha responsabilidade enquanto estudante, sinto-me responsável por retribuir tudo aquilo que ela faz por mim, e é muito difícil viver com o receio de falhar a qualquer momento e desiludir a pessoa que mais acredita em mim, que mais me encoraja e que nunca me deixa, seja em que momento for.
Depois, a distância é tão grande, os amigos estão todos dispersos e, por vezes, descobrimos que os nossos amigos, aqueles de quem realmente gostamos praticamente esquecem-se de nós. Custa dizer-se que o longe se faz parte quando se gosta de alguém de verdade, quando existe uma amizade verdadeira, honesta, sem interesses... No entanto, quando se vê que passa um dia, passa outro e outro e essa pessoa, por quem tenho um grande carinho, de quem gosto muito, não fala, apercebe-mo que afinal a nossa amizade não era assim tão importante, ou pelo menos não tinha a mesma importância para ambas.
Há ainda a outra pessoa especial, aquela que me ocupa cada espaço de pensamento. Esta pessoa foi um amigo muito especial e tornou-se mais especial. Porém algo estragou tudo, talvez a minha tolice, a minha incapacidade de me manter em silêncio quando não tenho a certeza que aquilo que tenho a dizer vai ser dito no momento certo. Enfim, não o disse no momento certo e de momento estou a pagar um preço muito alto por isso. A cada dia que passa, sinto uma dor muito profunda por estar nesta incerteza de dizer o que não disse, não dizer aquilo que disse e esclarecer todas as interrogações.
Sou uma pessoa complicada, eu sei. Já me apercebi disso, se calhar tarde, mas apercebi-me, mas a verdade é que gosto de ter motivos e explicações porque as coisas ficaram de uma forma que nunca haveriam de ter ficado. Então, vivo neste constante dilema, sem saber o que fazer, como perguntar, como falar, como abordar o assunto...
Não é fácil ter a cabeça cheia com tudo isto, viver com o coração apertado com vontade de falar sobre tudo o que lá vai dentro, mesmo nada fácil. E como se resolve tudo isto? É que eu não faço a mais pequena ideia!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Como prometido, voltei para continuar a descrição destes últimos tempos e, como é perfeitamente perceptível, ando a mil à hora e quando tento vir aqui um bocadinho, surge alguma coisa nova para fazer.
Já não sei muito bem onde ia, talvez estivesse a falar do facto de ter entrado em Beja, na universidade! Parece-me o acontecimento do ano... Talvez não se possa dizer tanto, mas pronto foi, de certa forma o marcante para mim, para a minha mãe, etc.
Depois vieram as típicas praxes e com elas trouxeram me o desespero total, a vontade de fugir de Beja a toda a hora, e não voltar mais. Mas também trouxeram boas coisas e isso não o posso negar, o companheirismo, as amizades que hoje temos podemos agradecê-los aos gritos dos nossos vetereanos, que nos faziam gritar com elas desde que o sol nascia até que ele se punha.
Mais coisas... nem sei!
Bem, depois das praxes chegou a hora do trabalho duro, sério, o trabalho árduo para o qual os nossos veteranos já nos haviam alertado, eles diziam-nos que nós, quando vissemos o que nos esperava, até íamos desejar ter mil e um tribunais de praxe por dia. Nunca pensei dizer isto, mas o certo é que, não digo mil e um, mas dois ou três tribunais de praxe seriam melhores que uma quantidade de fotocópias em pilha na minha secretária para estudar, ou um livro de quase 5000 páginas de Anatomia, que nos acompanha todos os dias para pudermos ver mais um ou outro assunto que o carissímo professor Aníbal se lembre... Enfim!
Bom, de momento não me lembro de muito mais coisas, quer dizer até tinha algumas para dizer, mas neste momento não me apetece falar de nada que seja triste e me deixa triste...
Hoje tive um pequeno encontro, um encontro que esperava já havia algum tempo. Uma situação caricata, que me fez ter a certeza daquilo que eu precisava de ter. Não é que eu não soubesse, mas saber não é o mesmo que sentir, sentir é bom, faz-nos ter noção do quão forte pode ser algo.
É verdade, mesmo passado tanto tempo continua a ter a mesma intensidade , a mesma sensação das pernas a tremer, o silêncio na sua presença, que diz muito, aliás, diz tudo o que há a dizer!
Não vou dizer mais nada por agora... Remeter-me um pouco ao silêncio, mas virei para falar mais sobre isto porque só tenho vontade de falar e falar e falar, mas escrever não sei, não sei como hei-de colocar tudo isto em palavras.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Um novo ano...

É verdade, estamos no ínicio do ano e há um par de meses que não apareço por aqui, mas a verdade é que, desde a última vez que aqui escrevi, tudo aconteceu a um ritmo alucinante e mal tenho tido tempo para respirar, quanto mais para sentar-me em frente ao computador e puder escrever o que me vai na alma. De momento são tantas as que me passam pela cabeça que nem sei bem por onde hei-de começar.
Bem, posso começar pela parte que no início de Setembro vi literalmente tudo a mudar à minha volta, primeiro fiz exame de código (uma boa notícia - passei!), depois, passada uma semana, sairam os resultados da universidade e, bem, quando li o email e não podendo deixar de ser sincera, aquilo que me aconteceu, nem eu sei bem, pois não sabia se deveria rir-me ou chorar, a primeira impressão que tive foi o choque, foi do género "e o que é que faço agora?". Primeiro que tudo, tinha entrado no curso que queria, mas, e havendo sempre um mas, entrei quase na outra ponta do país, entrei em Beja!...
Só tinha duas hipóteses, ou ia e aguentava-me à bronca, ou ficava e aguardava pela segunda fase e corria o risco de esperar mais um ano... A minha decisão foi ir porque fui eu que concorri e estava consciente que fosse onde fosse, para entrar naquilo que tinha posto como primeira opção de curso, tinha de ir para longe de casa e, então, não havia muito mais a fazer.
Assim o fiz e, desde então, tenho estado no Alentejo, num sítio fora de série que não tem nada, mas mesmo nada a ver com a minha cidade, cidade que eu tanto gosto. Porém, nem tudo foi fácil, já que passei por momento dificeis... ( mas agora tenho uma coisa para fazer e mais tarde volta para contar o resto...)